É preciso separar o joio do trigo
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Publicado em Segunda, 23 Março 2015 14:59
O país atravessa um momento de instabilidade político-institucional
com vários atores e situações corroborando para um cenário preocupante.
Por um lado, o governo reeleito pesou a mão no ajuste fiscal ao
adotar medidas que não correspondem às expectativas de seu eleitorado,
especialmente quanto ao seguro desemprego, às aposentadorias e pensões,
aos financiamentos da casa própria e da universidade – políticas que
necessitam de correções para evitar desvios recorrentes, porém numa
condição de negociação permanente com os atores sociais para não gerar
supressão de direitos.
Por outro, a mídia e os partidos políticos conservadores estimulam a
deterioração do governo perante a sociedade, com atos capitaneados por
grupos de extrema direita e neofascistas que pregam inclusive o golpe
militar.
Na passeata da Avenida Paulista, no último dia 15, estava presente a
esposa do maior banqueiro do Brasil, dizendo lutar pelos direitos de sua
empregada doméstica. Algo no mínimo de mau gosto, diante dos lucros
exorbitantes dos bancos e do arrocho imposto por essas instituições a
seus empregados. Aliás, a própria empregada doméstica em questão não se
encontrava na passeata!
Há na verdade em curso no Brasil uma ampla coalizão de direita para
derrubar o projeto democrático popular, que mesmo com contingências
ampara-se num modelo de desenvolvimento com inclusão social. E os meios
de comunicação são a principal arma da direita no processo de
convencimento popular em torno do golpe de Estado, seja na esfera
política ou judicial.
O momento exige clareza dos movimentos sociais engajados no projeto
de inclusão com geração de emprego e renda. É preciso pressionar o
governo para retomar a pauta dos trabalhadores, ao mesmo tempo em que se
devem combater as tentativas de golpe promovidas por setores
reacionários.
A agenda dos trabalhadores é por escola pública universal,
democrática e de qualidade, por saúde para todos, segurança, moradia e
emprego à população, e jamais podemos pactuar com artimanhas que
coloquem em risco a democracia, em prol de interesses das elites que não
conseguiram retomar o poder pelo voto popular.
Com relação à corrupção, é óbvio que deve ser combatida
diuturnamente. E há que se fazer referência ao fato de nunca o Brasil
ter apurado de forma tão ampla e profunda os casos envolvendo desvios de
recursos públicos. A estrutura institucional avançou nos últimos anos
com a criação da Controladoria Geral da União, com a aprovação da Lei da
Transparência e a que pune corruptos e corruptores, com a condução do
chefe do Ministério Público indicado pela maioria dos seus pares, com a
autonomia investigativa da Polícia Federal, entre outras medidas.
Tal como ocorreu no dia 13 de março, no ato da CUT, a CNTE e seus
sindicatos continuarão mobilizados em defesa da democracia, do combate à
corrupção e da Petrobras, para que as riquezas do petróleo sejam
investidas no bem estar do povo brasileiro.
Troca de Ministro da Educação – a saída do ministro Cid Gomes foi
mais um episódio do acirramento em torno do projeto de sociedade que se
tenta derrubar no país. A CNTE, tendo em vista seu compromisso com o
aprofundamento das políticas de inclusão social e de universalização da
escola pública de qualidade, espera que a presidenta Dilma indique um
novo ministro comprometido com demandas socioeducacionais do país, as
quais se pautam fundamentalmente na implementação do novo Plano Nacional
de Educação, à luz da consolidação do Sistema Nacional de Educação,
amparado pelo regime de cooperação institucional entre os entes
federados.
Fonte: http://www.cnte.org.br/index.php/comunicacao/noticias/14626-e-preciso-separar-o-joio-do-trigo.html
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